quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Um outro Brasil está germinando.

Imagem: httpr://pixabay.com
Existe um Brasil obsoleto, que parasita instituições e engorda às suas custas. Esse Brasil não tem peso na consciência, gira com risíveis eixos no centro de seus interesses. É o Brasil dos “espertos”, do salve-se quem puder, um Brasil de méritos restritos à habilidade de bem navegar nas tramas do covarde poder já estabelecido; um Brasil que ingenuidades como a minha insistiam em negar, talvez por incapacidade de navegar em seus meandros. A questão de tempo que nos separa de um país decente agora impacienta. É o que acontece quando se para de negar a realidade. Em passo mais lento do que gostaríamos, ocorrerá, sim, a tão sonhada transição entre um Brasil de feitores, de arremedos de gente que assimilou o caráter do explorador europeu e se abancou de setores públicos maiores ou menores, como se fossem os donos da quitanda, e uma classe de gente mais técnica, indisposta a favores e beija-mãos. O país compulsivamente corrupto, nas mais diversas instâncias, não tarda a cair. É questão de putrefação, de irrefreável evolução. A renovação inevitavelmente se dará. Mesmo quem ainda, por alguma sorte de malemolência ou ocasião, agradar ao caquético modelo feudal e nele conseguir penetrar já será infinitamente superior a quem dele outrora se apossava. Os velhos coronéis cairão. O anacronismo entre decadentes brutamontes com delírios de rei Sol e o desejo de idoneidade da grande maioria torna-se cada dia mais patente. Num prenúncio de novos tempos, as raposas políticas já farejam seu pouco tempo de vida. Negam, explodem de raiva, barganham. Ocultos sob a sombra de uma enorme comoção nacional, pervertem medidas anticorrupção de iniciativa popular. Enquanto nosso legislativo faz o que não deve para prosseguir na farra com o dinheiro alheio (estima-se o custo anual de cada parlamentar em dez milhões e duzentos mil reais), o povo brasileiro se articula para voltar às ruas. Só a pressão popular pode levar o velho esquema à agonia. Que a ingenuidade não leve consigo a esperança! Um outro Brasil está germinando.

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