Você que inventou esse
estado e inventou de inventar
toda a escuridão. Você que inventou o pecado
toda a escuridão. Você que inventou o pecado
esqueceu-se de
inventar o perdão
Apesar de você, amanhã
há de ser
outro dia!
(Chico Buarque)
O Ministério da Cultura voltou! O
presidente interino – não por bondade nem por entender a necessidade
estratégica da cultura para o desenvolvimento do país, o que é lastimável –
voltou atrás e decidiu manter o Ministério.
Para quem sabe o que é cultura – e não
estamos falando de mero entretenimento – e percebe o que a diversidade cultural
de um país de proporção continental e miscigenado como o nosso representa
enquanto riqueza – quem pensa que riqueza é apenas um tríplex com piscina e um
Ferrari na garagem, não sabe, mas é pobre, pobre, pauvre de marré
deci – o anúncio da extinção
desse Ministério, que não já não atuava em toda a sua plenitude – nunca foi
prioridade de governo – e que levaria anos para alcançar seu objetivo, é de uma
gravidade extremosa e reveladora.
Vivemos num país no qual o seu conceito
ainda é muito mal interpretado, menos ainda interiorizado como pertença e não é
abraçado por muitos, além de que a sua ausência favorece aos interesses dos
doutores da elite burra e gananciosa, afinal: um povo sem cultura é gado que em
vez de chocalho bate panelas e desgasta o sofá no horário nobre de TV.
O tecnicismo de alguns governos que
veem apenas a riqueza material como fonte de sobrevivência da nação nos indica
o nível de miséria cultural de seu povo. E essa miséria cultural atrai a outra,
de agarro e abraços com a injustiça e a desigualdade social. Claro que quem tem
uma pontinha de segurança, os favorecidos historicamente e muitas vezes com
poucos méritos de conquista, principalmente os homens, os brancos e os de
classe alta e média, não se importam com questões de cultura e muito menos com
a defesa de garantias sociais. Não é com eles! Daí, tremem de raiva ao ouvir
falar de bolsa família, lei de cotas – que beneficia os negros e aqueles em
situação de vulnerabilidade social –, favorecimento de casas populares,
questões do aborto, o direito de transexuais e travestis em usarem um nome
social (direito ora ameaçado por projeto (des)encabeçado por parlamentáveis dos
partidos do atraso, como o PSDB, PRB, PV, PR, PHS, PSC, PROS, DEM e PSB, sempre
eles), do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos –
afinal, vociferam: “lugar de mulher bela e recatada (recalcada?) é servindo,
por obrigação, ao macho em seu lar (cárcere privado)”; “negro não é raça” (e o
branco é o quê?); e “direitos humanos é coisa de comunista (mas fui mal aluno em
sociologia)” – entre outros benefícios que rondam a periferia de suas vidas e
que só incomodam quando lhe chegam na esquina e gritam: “Fortaleza – a nossa –
apavorada!”
Junte-se a esses atrasados, a bancada
cruel, ignorante e preconceituosa mantida pelos evangélicos, e não pelos
evangelhos (que significam “Boas Novas”), e que usa o nome de Deus e da família
– recusam as novas configurações familiares – para patrocinar a tortura e
a opressão humana, o machismo e a domesticação feminina, a castração da sexualidade,
a visão da arte como vagabundagem (só entendem de dinheiro, que é o negócio
deles), e a expropriação livre daqueles que já nada tem em troca da vacina da
resignação e da promessa de um paraíso de fundo de rede.
Cadê a manifestação dessa turma diante
da atualíssima crise no sistema público de educação? O que há na cabeça desses
infelizes, egoístas e infiéis à revolução cristã? Ora, Jesus não nasceu e
defendeu os pobres, as minorias, os excluídos, com quem conviveu e dividia pães
e peixes até a sua execução ser encomendada pelo poder e pela bancada
sacerdotal da época?
A Educação e a Cultura, as maiores e mais duráveis
conquistas de um povo, os verdadeiros instrumentos do progresso e do
desenvolvimento, da harmonia e da autoestima de uma nação, sempre foram
colocadas em segundo ou terceiro plano, e só lembradas durante campanhas
eleitorais.
Há de se chegar a hora de ser abominosa
e inaceitável toda a hipocrisia desses fariseus que manipulam as leis e as
manobram em sacrifício do povo e em benefício próprio. Há de chegar a hora do
povo despertar desse sono profundo e entender que somos um todo e que este país
só será forte e respeitado pelo Mundo quando houver transformação social. Que
esse dia venha pelas mãos do nosso povo e não por aventureiros. É querer demais?
#ELEIÇÕESGERAISJÁ
Excelente!
ResponderExcluirSensacional!
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