*texto publicado
originalmente no jornal O POVO em 2012
Tenho muita desconfiança e receio
dessa mania norte-americana, à vista grossa da cenográfica ONU, de “assumir as
dores de todo o mundo”, feito um indesejado Super-Homem ou qualquer um desses
heróis de meia-tigela que sobrevoam os céus de cuecas ao avesso (nunca entendi
isso) e o imaginário desse povo ególatra, ruim de geografia, tarado por
basquete e que enfeita tudo com gergelim, fritas e bacon.
Os Estados Unidos, num american dream, enriqueceram na
base do comércio e fabricação de armas, ou de largos empréstimos para a sua
compra, mantendo acesas as guerras e o terrorismo no mundo, cúmplice silencioso
em discursos de piece and love,
fazendo o seu próprio terrorismo, o econômico-predatório, o que devasta —
sem comida, sem água, sem recursos e sem jeito — os países que nem queremos
saber que existem, pois são, em sua maioria, dominados por ditadores broncos,
líderes fanáticos, habitados por gente pobre, “atrasada”, não-cristã e doente,
repletos de pestes da moda (Aids/Sida, Ébola) ou mesmo as históricas, já extintas
nos demais países, e outras novidades do Oriente. Esses povos que, se escaparem
de tudo isso isso, ainda lhes restará a fome, a sede, a violência, a
humilhação, o desprezo, o estupro, enfim, uma série de mazelas que “não nos
dizem respeito” porque somos “emergentes”, já fomos pobres, “zés cariocas”,
hoje, não, somos abençoados por Deus e bonitos por natureza, exclusive os
milhares de brasileiros que ainda não entenderam direito o tal american way of life.
São muitas as histórias de personagens
americanos que, por não agradarem a inteligência pentagonal, acabaram “comendo
capim” cedo, geralmente mortos por tiros de um doido que vinha passando na rua
e blá-blá-blá. Mistérios indissolúveis do senhor Columbo, via “efibiai”,
“siaiei” e “mibi” na série “Acredite se Puder”.
Não vou mentir. Senti-me enojado com o
clima de celebração transmitido pela TV mundial, via Casa Branca, após o
assassinato do Mister Bin (Osama Bin Laden). Triste o ufanismo daqueles a
aguardar a desejada execução e a não surpreendente “vitória” americana — por
conta disso, em único dia, o Barack Hussein Obama (nome irônico...) aumentou em
9 pontos a sua expectativa de reeleição, o dólar aumentou sua cotação e os
índices da bolsa americana subiram.
E mais: mataram a cobra e não
mostraram o pau. Cadê o homem? Jogaram no mar, enrolado em branco,
respeitando-lhe os rituais da crença... Que comédia é essa?
Por isso lembrei também de quando eles
mataram o Che Guevara, este que hoje enfeita as camisas dos revolucionários ou
pseudo-revolucionários (pelo menos ajuda a ganhar a mulherada na faculdade ou
se passar por um “mente aberta”). A comemoração foi daí para melhor, com
direito a troféu e tudo (como aqui bem os imitaram com a exposição do
Marighela). Não estou comparando o Che com o Osama. Aliás, este cabra santo não
era — como não é o Obama nem o Lula —, mas não posso aceitar que os Estados
Unidos tomem nas mãos a soberania de países alheios, principalmente quando
inventam motivos para destruir seus inimigos, às vezes, ex-aliados, às vezes, gente
que sabe demais (ou de mais). Sempre tão culpados de tanta coisa, têm, a seu
favor, o poder da imagem, o homem-aranha, os programas, Hollywood, a Coca-Cola,
o Toy Story e, infelizmente, o Dr. Jivago, que originalmente é
russo.
Quando os MacAmericanos, similares ao
seu herói genocida Custer, invadiram o Iraque com a justificativa de acabar com
as armas químicas, tipo assim, “Putz, foi mal, não encontramos, ó”, mesmo após
tanta devastação, ainda fizeram desserviços à humanidade, como: saque de
milhares de objetos do Museu do Iraque (entre eles, dezenas de esculturas
assírias em marfim); a destruição de sítios arqueológicos sumérios (povo que
inventou a escrita em 3.000 a.C.), por ação de bombas ou para serem
transformados em heliportos e estacionamento de veículos militares; a perda do
acervo de manuscritos sobre a civilização mesopotâmica, por incêndio da
Biblioteca Nacional do Iraque no dia da conquista de Bagdá; danos ao Portão de
Ishtar, a entrada principal da Babilônia, que resistiu à destruição pelos Persas
no século VI a.C., mas que, ao povo norte-americano se rendeu.
Cabe bem daí a nossa atenção. Pode ser
que um dia eles cismem em nos tirar alguma coisa — nossos recursos naturais,
por exemplo, que ninguém no mundo tem igual, mas que por aqui desperdiçamos —
e, no afã de nos proteger de
nós mesmos, será um salvem-se quem puder, We
are the World, pois até parece que ninguém está conosco, se eles também não
estiverem.
And The End.
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